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14/10/13

Cartório de Notas, Imobiliário e Hipotecário de Penedo contribui para preservação da história do povo ribeirinho

Rosângela Sampaio Bezerra, titular interina do cartório

Rosângela Sampaio Bezerra, titular interina do cartório.

Entre os belos prédios históricos e as águas do Rio São Francisco, na histórica cidade de Penedo, o 1º Cartório de Notas, Imobiliário e Hipotecário, guarda relíquias do passado do povo ribeirinho. A unidade cartorária, situada no centro do município, foi instituída em 1870, e desde então vem documentando, preservando e auxiliando a população.

Rosângela Sampaio Bezerra de Castro é atual titular interina do cartório. A tabeliã conta que o local também era utilizado como Fórum pelo Judiciário. “Antigamente, o Fórum funcionava dentro do cartório, que também abrangia as cidades de Piaçabuçu, Igreja Nova e Porto Real do Colégio. As audiências eram realizadas no Cartório, por naquela época não existia o Fórum, compareciam, o juiz, as partes, o promotor e testemunhas. Nesses dias, as atividades do cartório eram suspensas devido ao movimento”, relata a titular da unidade cartorária.

Responsabilidade e segurança

A tabeliã destaca a importância da unidade cartorária para a população e a responsabilidade de toda equipe com o trabalho desempenhado. “O cartório traz muita segurança para o município, para as pessoas que o procuram. Por isso, escolhemos os nossos funcionários com muito cuidado, são pessoas idôneas, responsáveis e que transmitem segurança para a população, que nos procura. É um serviço que requer muita responsabilidade”, destaca Rosângela, relatando que o cartório tem cinco funcionários e atende por mês uma média de 500 pessoas: “Entre os serviços que prestamos, os mais procurados são autenticação e reconhecimento de firma”, completa.

Por ser um dos primeiros cartórios instalado no Estado, a unidade guarda documentos de séculos passados, que ajudam a contar a história do país. “O cartório é tão antigo que temos livros aqui de compra e alforria de escravos. Alguns, com o tempo, foram se deteriorando, mas outros estão em perfeito estado. Guardo todo esse material com muito carinho e cuidado para que não se estrague. Esses documentos fazem parte da história do nosso Estado”, ressalta.

Todo o acervo do 1º Cartório de Notas e Protestos de Penedo é conservado no andar superior da unidade. Os livros mais antigos, já com suas folhas amareladas, ficam em local especial. Rosângela explica como funciona a organização. “Todos os livros antigos, da época do tabelião titular Bonifácio, receberam novas capas, já que as originais estavam bastante estragadas. Procuramos deixar sempre o locar arejado e cuidamos muito para que o arquivo não receba umidade, para não deteriorar os documentos”, afirma.

A tabeliã conta que antes da instalação da unidade cartorária na cidade, o controle dos imóveis era feito pela Igreja. “Com a chegada do cartório aqui em Penedo, as pessoas tiveram a oportunidade de legalizar seus imóveis, o que não acontecia antes, já que as propriedades pertenciam à Igreja”, observa.

Infância no cartório

A tabeliã foi designada para trabalhar na unidade cartorária, como escrevente, em 1983, por uma portaria expedida pelo então juiz da Comarca, José Olavo. Na época, a titularidade do cartório era do seu pai, Bonifácio José Bezerra. Rosângela afirma que o interesse pela atividade cartorária sempre foi estimulado pelo seu pai. “Meu pai passou mais de 40 anos no cartório, exercendo o cargo de tabelião. Com o seu falecimento, em agosto de 2008, fui designada para assumir a titularidade do cartório, onde procuro desempenhar as obrigações que me foram passadas. Gosto do meu trabalho, respeito a população que nos procura para dar informações com carinho e responsabilidade”.

A rotina da unidade sempre fez parte da vida da filha mais velha de Bonifácio Bezerra. “Quando era criança eu ficava aqui com meu pai, gostava muito de acompanhá-lo, era muito apegada a ele por ser a filha mais velha. Habituei-me à rotina. Gosto do meu trabalho e procuro sempre dar o máximo de mim”, afirma Rosângela que, mesmo sendo bacharela, confessa que nunca imaginou fazer uma atividade diferente: “Não penso em outra profissão. Acho que a minha história já se confunde com a do cartório”.